A equipe de especialistas do projeto “Ouro Sem Mercúrio” deu início à campanha de campo no estado do Amapá no dia 6 de agosto, com o objetivo de estudar e promover transformações sustentáveis na atividade de mineração artesanal e de pequena escala (MAPE) de ouro na região. A histórica relação do Amapá com a exploração mineral remonta ao século XIX, sendo que essa atividade tem influenciado significativamente o desenvolvimento econômico e social local.
O foco principal da campanha é o distrito aurífero do Lourenço, situado no município de Calçoene. Este distrito é emblemático por manter-se como uma das mais antigas frentes de mineração artesanal ou garimpo ainda em operação no Brasil. O ouro extraído no Lourenço é a principal fonte de subsistência para a comunidade local, impulsionando outras atividades econômicas na região.
A antropóloga Débora Goldenberg conta que a equipe foi recepcionada calorosamente pela cooperativa COOGAL, que tem colaborado muito com a execução da pesquisa em campo e que a comunidade “É um lugar bastante ativo socialmente, com pessoal interessado e que recebem bem a ideia do projeto”. Ela conta que houve um recorde de entrevistas realizadas com os garimpeiros e a expectativa é que possa ter uma amostra representativa. “Então, está indo super bem”, comemora.
Durante o período de 7 a 14 de agosto, a equipe do projeto realizará uma série de atividades de campo, incluindo entrevistas com garimpeiros, testes de balanço de massa e balanço de mercúrio, além de interações com a comunidade local por meio de duas oficinas. Entre os tópicos discutidos nas oficinas estarão a participação das mulheres na mineração e o futuro sustentável da atividade de garimpo.
O Amapá se destaca por abrigar uma significativa parcela da Amazônia brasileira, com cerca de 70% de seu território destinado a áreas de preservação ambiental e a populações indígenas. Durante a campanha, a equipe também irá se deslocar para outras regiões do estado, como Oiapoque e Porto Grande, a fim de se reunir com lideranças locais, cooperativas e garimpeiros.
O projeto “Ouro Sem Mercúrio” visa não apenas estudar as práticas atuais de mineração, mas fornecer dados ao governo brasileiro para que se possa identificar e promover boas práticas e transformações sustentáveis na atividade de garimpo, visando reduzir ou eliminar o uso de mercúrio para conciliar a preservação ambiental e a saúde das comunidades locais coma necessidade econômica da atividade garimpeira.
A campanha de campo se estenderá até 19 de agosto.